É importante considerar informações fundamentadas, separando o que é mito e verdade, ao discutir a mobilidade elétrica, pois ela desempenha um papel significativo na transição para um transporte eficaz, econômico, seguro, sustentável e com menor impacto ambiental. 

O tema da Mobilidade Elétrica ainda divide opiniões, não só de especialistas, mas também da população. Com a humanidade dependendo cada vez mais de combustíveis fósseis para gerar energia, o uso de fontes renováveis como a solar e eólica, seria de extrema relevância para as próximas décadas. Porque são de origem fóssil, o petróleo, o gás natural e o carvão mineral não são renováveis — ou melhor, sua reposição na natureza ocorre de maneira muito lenta. Com isso, a geopolítica desses recursos é cada vez mais acirrada por serem de extrema necessidade para o funcionamento da economia capitalista mundial. Além disso, a emissão em grande quantidade de poluentes na atmosfera durante sua queima, principalmente do petróleo e do carvão, gera um impacto ambiental que intensifica o efeito estufa e provoca alterações climáticas contundentes.

É claro que essa transição precisa de um investimento que é diretamente proporcional ao tamanho da população e do território contemplado. O avanço em direção à eletrificação, substituindo combustível fóssil por eletricidade no transporte público é a direção que o mundo quer seguir; essa já é uma realidade a ser enfrentada em nível global e não há mais como escapar dela.

Por isso, nada mais oportuno do que entendermos o que é mito ou verdade sobre o tema. Afinal, quanto mais cedo desvendarmos o assunto, melhor, não é? Então, vamos lá.

MITOS MAIS COMUNS SOBRE A MOBILIDADE ELÉTRICA

Os veículos elétricos são muito caros?

Os veículos elétricos (VE) ainda têm um preço inicial mais alto do que os veículos a combustão, mas, à medida que a tecnologia avança e a produção em massa aumenta, os custos vem diminuindo ao longo dos últimos anos. Hoje, 128 modelos de veículos leves eletrificados são oferecidos no país e os preços partem de 139.900 reais (julho/23). O mercado de elétricos leves cresceu 41% em 2022 e a frota brasileira já ultrapassa os 126 mil veículos. O aumento na demanda faz com que a produção em escala aumente, o que resulta em uma redução nos custos de fabricação. Isso, aliado a incentivos governamentais e programas de descontos, certamente, vai reduzir o preço de compra dos veículos elétricos na próxima década.

Na verdade, o carro elétrico não deveria custar mais caro, já que o seu motor é muito mais barato que o de combustão e seu funcionamento dispensa dezenas de dispositivos periféricos. Porém, a exigência de autonomia cada vez maior eleva também o custo das (caras) baterias. Graças ao foco do investimento tecnológico estar voltado para o aperfeiçoamento desse item essencial, já existe um consenso de que, na próxima década, o custo de um carro elétrico será praticamente o mesmo que de um tradicional.

A reciclagem das baterias dos veículos elétricos é um desafio?

As baterias de íons de lítio são a tecnologia dominante atualmente. Por conta da disponibilidade limitada e do alto consumo desse metal alcalino em muitos aparelhos eletrônicos da vida cotidiana moderna, as baterias representam uma parcela significativa do custo total de um veículo elétrico,

A indústria está trabalhando continuamente no desenvolvimento de processos de reciclagem mais eficientes e sustentáveis. A reciclagem das baterias de veículos elétricos é viável e já está sendo realizada em muitas partes do mundo. Toda a pesquisa é voltada para que as baterias usadas possam ser recicladas e, assim, possibilitando a recuperação de metais valiosos, como lítio, cobalto e níquel.

A infraestrutura de carregamento é insuficiente para veículos elétricos?

Embora a infraestrutura de carregamento para veículos elétricos esteja em constante expansão e muitas regiões já tenham uma rede significativa de estações de carregamento, fazer longas viagens ainda é um desafio.

Porém, a maioria dos proprietários utiliza seus veículos elétricos para deslocamentos cotidianos e carrega seus veículos em casa, o que torna a infraestrutura de carregamento pública menos crítica para muitos motoristas. O fato é que, com o aumento da adoção de veículos elétricos, a expansão da infraestrutura de carregamento continuará a crescer exponencialmente.

Os veículos elétricos têm uma autonomia limitada?

Embora no passado os veículos elétricos tivessem autonomia limitada, os avanços tecnológicos com relação às baterias aumentaram significativamente a autonomia dos veículos elétricos modernos. As baterias, agora, são projetadas para ter uma vida útil longa e durável, com os fabricantes oferecendo garantias de longo prazo e os proprietários de veículos elétricos relatando que a capacidade da bateria permanece alta mesmo após vários anos de uso. Atualmente, a maioria dos modelos podem percorrer 300km com uma única carga, atendendo às necessidades da maioria dos motoristas.

Para se ter uma ideia desse avanço, o modelo tradicional do Fiat 500 tinha uma autonomia de 360Km, enquanto o Fiat 500e proporciona até 460Km de autonomia com carga cheia.

Os veículos elétricos são mais lentos do que os veículos a combustão?

Os veículos elétricos modernos têm motores elétricos eficientes que oferecem desempenho sólido. Motores elétricos fornecem torque instantâneo, o que significa que eles podem fornecer aceleração rápida desde o início. Por isso, em muitos casos, os veículos elétricos são mais rápidos do que os veículos a combustão em termos de aceleração inicial.

A título de comparação, a velocidade máxima do veículo elétrico mais barato do Brasil, o Renault Kwid E-Tech é a mesma do modelo Kwid a combustão – 130Km/h.

A manutenção de um veículo elétrico é mais cara?

A manutenção de um carro elétrico é menos complexa, o que resulta em menos custos de manutenção. Por exemplo, um carro a combustão chega a ter 2.400 peças, em contrapartida, um VE tem em média 250.

Atualmente, manter um veículo elétrico já é mais barato que um carro a combustão, visto que o motor elétrico possui menor quantidade de peças móveis e não necessita de troca do óleo do motor, líquido de arrefecimento, fluído da transmissão e correias, o que acarreta uma significativa redução dos gastos na manutenção. Além disso, o desgaste das pastilhas de freio é reduzido nos carros elétricos graças à frenagem regenerativa, que utiliza a energia cinética para recarregar a bateria, reduzindo o atrito e o desgaste dos freios.

A bateria de um veículo elétrico “morre” em 5 anos?

As baterias de veículos elétricos têm uma vida útil mais longa do que se costuma pensar, podendo durar de 8 a 20 anos, dependendo do uso e das condições de operação. O avanço tecnológico foi tão grande com relação à durabilidade das baterias que a maior parte dos fabricantes oferece garantia de 8 a 10 anos para as baterias dos veículos elétricos, proporcionando segurança e tranquilidade aos proprietários.

Os veículos elétricos não são ecologicamente corretos, pois ainda dependem de energia gerada a partir de combustíveis fósseis?

 Embora seja verdade que a eletricidade em muitas regiões seja gerada a partir de fontes de energia que incluem combustíveis fósseis, a mobilidade elétrica ainda é mais limpa em comparação com os veículos a combustão. Os veículos elétricos produzem zero emissões de escape, ajudando a melhorar a qualidade do ar local e reduzindo a dependência dos combustíveis fósseis. Além disso, a tendência é que a matriz energética se torne cada vez mais sustentável, com o aumento da produção de energia renovável.

O tempo de carregamento é muito longo?

O tempo necessário para carregar um carro elétrico pode variar dependendo de vários fatores, como a capacidade da bateria do veículo, o tipo de carregador utilizado e o nível atual de carga da bateria. Existem três principais tipos de carregadores para carros elétricos: carregadores domésticos, estações de carregamento público e estações de carregamento rápido:

1. Carregadores domésticos: em média, um carro elétrico pode levar de 6 a 12 horas para carregar completamente em um carregador doméstico.
2. Estações de carregamento público: pode variar de uma a duas horas, dependendo da potência do carregador e da capacidade da bateria.
3. Estações de carregamento rápido: pode variar de alguns minutos a cerca de 30 minutos, dependendo da capacidade da bateria e da potência da estação.

É importante ressaltar que o tempo de carregamento pode variar entre diferentes modelos de carros elétricos, já que a capacidade da bateria e a tecnologia de carregamento podem ser diferentes. Além disso, a maioria dos carros elétricos oferece a opção de carregamento parcial, podendo obter uma carga suficiente para uma certa distância em um tempo menor do que o necessário para uma carga completa.

A mobilidade elétrica é apenas uma moda passageira?

A mobilidade elétrica é uma tendência que veio para ficar. Governos e empresas estão investindo significativamente em veículos elétricos e infraestrutura de carregamento, e as regulamentações ambientais estão impulsionando a transição para veículos mais limpos. A indústria automobilística está cada vez mais comprometida com a eletrificação, e a demanda dos consumidores por veículos elétricos está crescendo.

A indústria automobilística vem se dedicando a lançar modelos cada vez mais seguros, com grande autonomia e custos cada vez mais baixos. Os exemplos aparecem todos os dias nas redes sociais. Para marcar os 70 anos da Volkswagen no Brasil, a nova Kombi elétrica, agora chamada de VW ID. Buzz chega ao país com modelo de negócio por assinatura. A notícia chegou através da emocionante campanha voltada ao mercado brasileiro com a cantora Maria Rita fazendo um dueto da música “Como Nossos Pais”, com a mãe Elis Regina, graças ao uso da inteligência artificial. A mensagem é mais do que clara: o novo sempre vem.