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MOBILIDADE ELÉTRICA NO BRASIL

Mobilidade Elétrica no Brasil

Ao que tudo indica, a Mobilidade Elétrica veio para ficar. No ano passado, foram vendidos cerda de 8,3 milhões de veículos elétricos por todo o mundo, quantidade que já representa 10% do total de veículos vendidos. O mercado cresce rápido, e deve chegar a 18% das vendas em 2025 e 32% em 2030. 

 

No Brasil, já existem iniciativas robustas para incentivar esse crescimento. Criada em 2018, a Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME) congrega mais de 30 instituições que envolvem o governo, a indústria, a academia e a sociedade civil, que têm a missão de contribuir para a implementação de práticas para o desenvolvimento sustentável da mobilidade elétrica no país e já fez a publicação de seu segundo anuário sobre o tema.

No Brasil, um dos principais entraves à popularização da mobilidade elétrica é a baixa familiarização do público com esse tipo de tecnologia. Pensando nisso, criamos esse post que explica os pontos de maior interesse sobre o assunto, de forma descomplicada, ao consumidor brasileiro.

 

MOBILIDADE ELÉTRICA NO BRASIL: VEÍCULOS

 

Existem diferentes tipos de veículos elétricos. Em comum, todos possuem um sistema de freios regenerativos (kers) que convertem parte da energia perdida nas frenagens em eletricidade, armazenando-a na bateria. Além disso, o motor de um carro elétrico gera torque instantâneo, com aceleração mais rápida e suave que os veículos convencionais, conferindo uma melhor experiência ao motorista ao dirigi-lo.

Os veículos totalmente elétricos (BEVs – Battery Electric Vehicle) não possuem motor de combustão interna e são alimentados exclusivamente por eletricidade. Eles não emitem poluentes durante a condução e são considerados a forma mais limpa de mobilidade.

Já os veículos híbridos, combinam um motor de combustão interna, geralmente a gasolina, com um motor elétrico. Essa combinação de motores permite que o carro híbrido obtenha benefícios tanto da eficiência do motor elétrico, quanto da conveniência e autonomia do motor de combustão interna. Existem diferentes tipos de híbridos, mas os dois principais são:

Veículo Elétrico Híbrido (HEV – Hybrid Electric Vehicle): a adição do motor elétrico alimentado a bateria melhora a eficiência do uso do combustível nos híbridos de diversas maneiras: o modo “somente elétrico” é utilizado para ignição, acessórios e velocidades baixas, ou seja, quando o consumo de combustível é maior; o motor a combustão, por sua vez, funcionará quando os veículos alcançarem velocidades maiores, onde são mais eficientes. Além disso, a bateria fornece energia para o ar-condicionado enquanto o carro fica parado no semáforo ou no trânsito, e o motor elétrico pode ligar o carro para reiniciar o movimento.

Veículo Elétrico Híbrido Plug In (PHEV- Plug-In HEV): este tipo de carro combina o benefício da economia de combustível do híbrido comum com todas as capacidades elétricas de um carro movido a bateria. A maioria dos híbridos plug-in funciona no modo 100% elétrico, com o motor e a bateria fornecendo toda a energia do carro, e no modo híbrido, em que tanto eletricidade, quanto gasolina/álcool ou diesel são utilizados. Normalmente, os PHEV iniciam no modo totalmente elétrico e alguns modelos trocam para o modo híbrido, utilizando gasolina/álcool ou diesel, assim que a velocidade atinge 100 ou 115 km/h. 

Dos 124.361 carros com algum tipo de eletrificação registrados no país, 86.143 (cerca de 69%) são híbridos, seguidos pelos híbridos plug-in, que, com 27.073 emplacamentos, representam 22% da frota, e 11.145 carros elétricos que completam os 9% restantes.

 

MOBILIDADE ELÉTRICA NO BRASIL: ELETROPOSTOS

 

A geração de energia em um eletroposto, ou estação de recarga de veículos elétricos, pode ocorrer de diferentes formas, dependendo da infraestrutura e da fonte de energia disponível. Aqui estão algumas das principais formas de geração de energia em um eletroposto:

  1. Rede Elétrica Convencional: a maioria dos eletropostos é conectada à rede elétrica convencional, que fornece eletricidade proveniente de usinas de geração, como termelétricas, hidrelétricas, eólicas e solares. A energia é transmitida pela rede, onde é convertida para a tensão e o tipo de corrente adequados para o carregamento dos veículos elétricos.
  2. Energia renovável local: alguns eletropostos podem ser alimentados por fontes de energia renovável local, como painéis solares fotovoltaicos ou turbinas eólicas. Esses sistemas geram eletricidade diretamente no local, reduzindo a dependência da rede elétrica convencional e promovendo uma opção mais sustentável.
  3. Baterias estacionárias: alguns eletropostos podem utilizar baterias estacionárias, que armazenam energia elétrica durante os períodos de baixa demanda e a disponibilizam para o carregamento dos veículos elétricos quando necessário. Isso permite uma maior flexibilidade no fornecimento de energia, ajudando a equilibrar a carga na rede elétrica e a reduzir os picos de demanda.

Além da geração de energia, é importante mencionar que os eletropostos também possuem componentes de controle e segurança, como dispositivos de medição de energia, sistemas de comunicação para autenticação e liberação do carregamento, bem como sistemas de proteção contra sobrecarga e curto-circuito.

Quanto ao tempo necessário para carregar um carro elétrico, ele depende de vários fatores, como a capacidade da bateria do veículo, o tipo de carregador utilizado e o nível atual de carga da bateria. Existem três principais tipos de carregadores para carros elétricos:

  1. Carregadores Privados: usados em propriedades privadas, como residências, condomínios, empresas e estabelecimentos comerciais, eles são conectados a uma tomada elétrica padrão, para recarregar veículos durante a noite ou enquanto estão estacionados. Considerando a tensão normal das residências, de 110 volts aterrados, você poderá levar mais tempo para abastecer a bateria do seu veículo elétrico. Por isso, o recomendado é carregar os veículos em tomadas para carros elétricos de 220V e, de preferência, aterradas, para evitar incêndios ou curtos-circuitos. Em média, um carro elétrico pode levar de 6 a 12 horas para carregar completamente em um carregador doméstico.
  2. Estações de Carregamento Público: essas estações são encontradas em locais públicos, como estacionamentos, shoppings e postos de gasolina. As estações de carregamento público possuem uma potência maior do que os carregadores domésticos, o que resulta em tempos de carregamento mais rápidos. Dependendo da potência do carregador e da capacidade da bateria, esse tipo de recarga leva de uma a duas horas.
  3. Estações de Carregamento Rápido: essas estações, também conhecidas como estações de carregamento de alta potência, oferecem a carga mais rápida disponível atualmente, com potências muito altas. O tempo de carregamento em uma estação de carregamento rápido pode variar de alguns minutos a cerca de 30 minutos.

É importante ressaltar que a maioria dos carros elétricos oferece a opção de carregamento parcial, onde é possível obter uma carga suficiente para uma certa distância em um tempo menor do que o necessário para uma carga completa.

O crescimento da infraestrutura de carregamento elétrico no Brasil tem sido incentivado por programas governamentais, parcerias público-privadas e ações de empresas do setor elétrico. Concessionárias de energia, empresas de tecnologia e outras organizações estão investindo na instalação de eletropostos em diferentes regiões do país.

Grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Curitiba, geralmente possuem uma maior concentração de eletropostos. No entanto, a expansão da infraestrutura de carregamento está em andamento, visando cobrir um número cada vez maior de cidades e rodovias brasileiras. Atualmente, existem cerca de 3.000 eletropostos espalhados pelo Brasil e a tendência é que este número chegue a 10.000 até 2025.

O fato é que percorrer longas distâncias com um carro 100% elétrico ainda pode ser um desafio, em determinados trajetos. Para planejar seu deslocamento, o Google Maps já possui a opção de busca por pontos de recarga, digitando a palavra “eletroposto”. O resultado irá fornecer a localização dos postos mais próximos de você. Outro recurso bem interessante já disponível é o app Plugshare, que mapeia os pontos de carregamento para veículos elétricos em todo o mundo.

 

MOBILIDADE ELÉTRICA NO BRASIL: CUSTOS

(valores disponíveis em julho de 2023)

Como boa parte dos elétricos são importados, o preço do câmbio é um fator importante no valor final do veículo. O valor de mercado do carro elétrico no Brasil pode variar ao longo do tempo devido a fatores como a disponibilidade de modelos no mercado e as políticas fiscais relacionadas a veículos elétricos; atualmente, não é aplicado imposto em carros elétricos e sobre os modelos híbridos, as alíquotas aplicadas variam entre 2% ou 4%. Atualmente, existe um projeto de lei no congresso propõe zerar o imposto de importação dos elétricos e híbridos até o final de 2025, o que poderá reduzir o preço desses veículos entre 10 e 20%.

Independentemente desses fatores, A estimativa é que os preços irão cair muito até 2030, projeção baseada em mudanças que já ocorreram no mercado até agora: lançado em 2008, o primeiro carro elétrico da Tesla custava 100.000 dólares; em 2022, o modelo 3 sai por cerca de 37.490 dólares.

Isso se reflete no investimento dos fabricantes em novos modelos; o ano de 2022 encerrou com 128 modelos disponíveis, de diferentes configurações e faixas de preço. Os campeões de venda, no Brasil, foram o Corolla Cross e o Corolla Altis, ambos da Toyota, e o Tiggo 5X, da Caoa Cherry.

Quanto aos valores, com base nas informações disponíveis em julho de 2023, o carro elétrico mais barato no Brasil é o Kia Stonic (Híbrido) e o JAC E-JS1 (BEV), ambos com preço a partir de R$ 139.990,00.

Dentre os modelos híbridos mais baratos, que estão atualmente disponíveis no país, destacam-se:

  1. Kia Stonic – R$ 139.990
  2. Caoa Chery Arrizo 6 Pro – R$ 152.490
  3. Caoa Chery 5X Pro Hybrid Max Drive– R$ 159.990
  4. Toyota Corolla Altis Hybrid – R$ 183.790
  5. Caoa Chery Tiggo 7 Pro Hybrid – R$ 194.990
  6. Toyota Corolla Cross XRV Hybrid – R$ 202.690
  7. Kia Sportage – R$ 228.990
  8. Lexus UX 250h Dynamic – R$ 269.690
  9. Caoa Chery Tiggo 8 Pro Plug-in Hybrid – R$ 269.990
  10. Mini Countrymann híbrido-plug-in – R$ 284.990

Já os carros 100% elétricos mais baratos são:

  1. JAC E-JS1: R$ 139.900
  2. Renault Kwid E-Tech: R$ 149.990
  3. Caoa Chery iCar: R$ 149.990
  4. Fiat 500e: R$ 224.990
  5. Peugeot e-208 GT: R$ 237.990
  6. JAC E-JS4: R$ 242.900
  7. Renault Zoe: R$ 239.990
  8. JAC E-J7: R$ 252.900
  9. Mini Cooper SE: R$ 257.990
  10. Peugeot e-2008: R$ 259.990

É importante mencionar que a disponibilidade de modelos de carros elétricos e híbridos no Brasil pode variar ao longo do tempo e depende das estratégias de comercialização das montadoras. Além disso, novos modelos estão sendo lançados no mercado global, e alguns deles podem chegar ao Brasil nos próximos anos. Por isso, recomenda-se verificar os preços atualizados junto aos fabricantes e concessionárias de automóveis para obter informações precisas e atualizadas sobre o seu valor de mercado no Brasil no momento.

Na comparação de custos, vale, ainda, considerar alguns outros pontos:

  1. Custo da Eletricidade vs. Custo da Gasolina: o preço da eletricidade e da gasolina pode variar de acordo com a região e o país. De forma geral, a eletricidade é bem mais barata do que a gasolina por unidade de energia. Portanto, em termos de custo por quilômetro percorrido, os carros elétricos tendem a ser mais econômicos. Os carros mais populares prometem um carregamento de 100%, com um custo médio de 20 reais para uma autonomia de 300km. Para a mesma autonomia, esse valor sairia por cerca 150 reais para os carros à combustão.
  2. Manutenção: por não terem câmbio, radiador, correia, sistema de escapamento, velas, catalizador, filtro de ar, de óleo e de combustível, os carros elétricos tendem a ter custos de manutenção 50% mais baixos em comparação com os carros a combustão. Além disso, o sistema kers dos carros elétricos reduzem o desgaste dos freios, resultando em uma vida útil mais longa das pastilhas do que dos convencionais.
  3. Descontos e isenções no IPVA são aplicados em diversos estados. Cada Estado possui uma regra diferente na cobrança de impostos, portanto fica a critério de cada um adotar a isenção do IPVA. Desta forma, há Estados que isentam totalmente a tributação, outros oferecem uma alíquota diferenciada e alguns possuem projetos de lei em tramitação na Assembleia Legislativa para futuramente trazer o benefício aos proprietários de carros eletrificados.
  4. Outra vantagem é que os veículos elétricos e os híbridos estão isentos do cumprimento das restrições determinadas pelo Rodízio Municipal de Veículos em São Paulo.
  5. Com relação ao seguro, não existe diferenciação importante já que a cobertura é cotada pelo valor de mercado do veículo, igual ao restante da frota.
  6. Já no valor de revenda, o carro mais bem cotado para foi o BMW I3, que só perdeu, em 2022, 6,6% do valor de revenda, desvalorização bem abaixo da média nacional que é de 15%.

 

Em suma, embora os carros elétricos possam ter um custo inicial mais alto do que os carros a gasolina, eles tendem a ter um custo operacional e de manutenção mais baixo a longo prazo, devido à eficiência energética e aos menores custos de eletricidade. Além disso, é possível obter incentivos governamentais, como isenções fiscais e subsídios, que podem reduzir ainda mais o custo de propriedade de um carro elétrico.

Vivemos uma época de transição da mobilidade cara, poluente e barulhenta que ganhou força há mais de um século atrás, por conta do petróleo que foi encontrado em larga escala e, graças a oferta abundante da matéria prima, que barateou o custo da gasolina, para uma tecnologia limpa, silenciosa, segura, agradável e que oferece um leque de avanços incalculáveis, voltados para o bem-estar do planeta e dos seus habitantes. Por isso, é tão importante promover uma compreensão precisa sobre a mobilidade elétrica e seus benefícios. A transição para veículos elétricos desempenha um papel central na mobilidade e, apesar dos desafios que se impõem, a decisão global de que eles serão os protagonistas do futuro já foi tomada.

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